domingo, 7 de outubro de 2012

LANÇAMENTOS

OBRAS LANÇADAS NO X CONAELL
 Edição comemorativa dos 10 anos da obra Dialética da Colonização, de Alfredo Bosi - promovido pela UNEMAT Campus de Sinop

Lançamento do e-book Ângulo Bi, em comemoração aos 10 anos de lançamento do livro impresso, de autoria de Marcelina Oliveira, Gisele Mocci, Paulo Sesar Pimentel e Paulo Villela Marques.

SECRETO ROSTO

meu amor é secreto.
sem rosto, sem cor, sem nome ou poema.
mas tem língua, lábios, pernas
que se traem se transgridem em insana inocência

mas meu amor não tem pelos, pele, músculos, olhos, cabelos
mas tem o tato, o hálito acético e morno que me resfria
em sagrada plenitude

meu amor não tem rosto,
pois do que é posto,
me faceta inteira.

Marcelina Oliveira, no livro Poemas Nus.

Correspondências compõe-se de contos premiados em nível nacional, outros publicados em periódicos destinados à produção literária e ainda três contos inéditos.
Há, entre os fios que os tecem, uma singular característica que deriva da formação de Santiago: a mítica. Por essa via é possível perceber a multiplicidade de feições desenhadas nas personagens, nos espaços e tempos imaginários, proporcionando ao leitor sentir-se parte da construção do sentido que subjaz ao fascínio do dito e do interdito.

Profª Drª Luzia A. Oliva dos santos

"O que você faria se não tivesse medo?
(...)
Pego-me olhando o céu. Um azul profundo. Penso na terra e em quem olha pra mim de cima. A terra azul. Tão confuso esse jogo, azul. Olho para a frente e imagino o círculo que compõe o horizonte, escurecendo.
Final de tarde, um azul desbotado e uma luz que começa a se apagar. Há pensamentos que não deveriam emergir. Mas tenho coragem, isso me permite fugir do bando [...] Fugir é uma forma de ter coragem, fugir é uma forma de não ter medo. Eu sei o que custa.
Tudo é pago no mundo, descubro. E tudo deve ser cobrado. Entendo a lógica do dinheiro e ele não compra lembranças. Mas ele é meu, elas são minhas. Minha puta, minha irmã e minha mãe, meu dinheiro no bolso. Pereba lá.
Continuo correndo.
Agora sou homem?"

Paulo Sesar Pimentel, no conto Correição. In: Diário de uma Quase.

"Confiante na paciência e infinita benevolência de um leitor assim tão devotado, que devora tudo o que a gente escreve - independente da boa qualidade ou da ruindade do escrito -, busco hoje o contato para falar do que sei, do que consigo, mas para relatar fracassos, sonhos literários que nunca passaram de sonhos. Sim, de coisas que quis fazer e ainda não fiz, e até mais: certamente que nunca conseguirei realizar [...] Via, então, diante de mim, uma paisagem infinitamente contemplativa... mas sem ninguém para contemplar!
Apenas eu, é claro, onipresente e onisciente como um deus, a relatar o marasmo dessa ficção científica - aliás, um gênero que nunca apreciei. Teria leitores? Pelo menos aquele, ou aquela do sonho, quereria ler um negócio desses?".

Marinaldo Custódio - Apenas um leitor. In: Viagens Inventadas: crônicas e quase contos.